quarta-feira, 20 de março de 2013

Papo literário

Rogério Pereira abriu o Papo Literário promovido pelo Sesc

O que ler? Onde ler? Quando ler? Para quê ler? Todas estas perguntas foram temas de debates para a primeira rodada do papo literário promovido pelo Sesc
O jornalista Rogério Pereira, fundador e editor do jornal literário Rascunho e diretor geral da Biblioteca Pública do Paraná (BPP), abriu, na noite da última quinta-feira (14), o ciclo de discussões sobre temas literários, promovido pelo Sesc Paraná, em Foz do Iguaçu.
Mediado pela doutora em literatura e professora adjunta da Universidade da Integração Latino-Americana (UNILA), Débora Cota, o jornalista conversou, de forma descontraída, acessível e bem humorada, sem deixar de lado a seriedade que o assunto merece, com alunos, professores, leitores e publico em geral, no local mais indicado para receber este assunto: a biblioteca da unidade do Sesc.
Durante uma hora meia Rogério Pereira discutiu sobre o lugar da leitura no cotidiano das pessoas, como os mediadores de leitura podem incentivar novos leitores e quais políticas públicas na área de leitura estão sendo colocadas em prática no Brasil. Também falou sobre o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Paraná, composto por todas as bibliotecas públicas do Estado, coordenado e administrado pela BPP, e as ações desenvolvidas pelo Sistema.

O prazer de ler - Para o jornalista, o ideal seria que “o ato de ler fosse uma coisa natural, sem precisar haver intervenções de professores, família, mediadores, mas isto, hoje, ainda não é possível”. Para ele, o professor é um formador natural de leitores, um mediador que deve exercer esta função.
Mas o papel do mediador, segundo Pereira, deve se concentrar em justamente mediar, orientar, indicar e não obrigar: “cada leitor se apropria de forma diferente da leitura, um livro nunca é igual para dois leitores diferentes, isto é a liberdade, a leitura é individual”, e continua, “a escola, pretensamente, deve preparar leitores, mas muitas vezes só alfabetiza, e estar alfabetizado não é o mesmo que saber ler, aí entra o trabalho do mediador, que é o de despertar o interesse pela leitura, mostrar o ato de ler como um ato de prazer, a porta de entrada da leitura tem que ser o prazer e não a obrigatoriedade”.

O leitor decide - Outro aspecto levantado pelo jornalista foi a acessibilidade à leitura, enquanto forma literária, facilitada com o advento da internet e a comodidade do acesso às mais deiversas mídias eletrônicas.
Traçando o seu próprio perfil, Pereira disse ter “vindo de família pobre e com pais analfabetos, tinha tudo para se tornar um não leitor, mas ao contrário das previsões, hoje não vê sua vida sem a leitura”. Portanto, para o jornalista, são vários os fatores que levam à formação de leitores, a garantia do acesso e a mediação para esta leitura tem grande importância nesta formação, mas não são os únicos fatores.
As mídias digitais facilitam o acesso à leitura, “mas é preciso que o leitor tenha um conhecimento anterior, ninguém pega um tablet e vai ler Dom Casmurro, por exemplo, a não ser se já tenha se apropriado desse conhecimento, e aí o que e onde vai ler a pessoa é quem decide”, disse e completou: “depois desse conhecimento, o que ler e onde ler é uma questão pessoal, o importante é garantir o acesso ao conhecimento da leitura e aos meios, sejam eles quais forem”, completou.

Organismo vivo - Como diretor geral da Biblioteca Pública do Paraná (BPP), Rogério Pereira também falou sobre o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Paraná, coordenado e administrado pela BPP que, segundo ele, vem tentando mudar a imagem das bibliotecas no Estado.
Pereira defende a mudança de ideia sobre os espaços das bibliotecas: “o ranço de que a biblioteca é chata existe, porque existe o ranço de que o livro é chato, mas a biblioteca tem que ser um organismo vivo, assim como o livro é um organismo vivo, o espaço da biblioteca não pode ser um espaço frio, silencioso e escuro, tem que ser alegre, movimentado, colorido, vivo, na BPP existem apresentações de musica, dança, exposições, isso da vida ao espaço”.
O projeto “Papo literário” prevê um total de seis eventos, até novembro. O próximo “papo” será dia 23 de maio, quando o escritor Thiago Tizzot falará sobre “A semântica da literatura fantástica”, sempre na biblioteca do Sesc Foz do Iguaçu.
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(Publicado no Jornal A Gazeta do Iguaçu de 20/03)

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