quinta-feira, 31 de julho de 2008

Exploração infantil

(Foto - divulgação)
Matéria assinada pela jornalista Daniela Valiente da edição de ontem (30) no jornal A Gazeta do Iguaçu, fala sobre as obras do artistas plástico Rogério Silva, selecionadas para o Salão de Artes de Petrópolis (RJ). As obras abordam o tema "exploração infantil".
Confira a reportagem:

Eles precisam de muito mais

Obras polêmicas de artista plástico da cidade são selecionadas para o Salão de Artes de Petrópolis

Daniela Valiente

O artista plástico de Foz do Iguaçu, Rogério Silva teve suas obras selecionadas para integrar o 1º Salão de Artes de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Realizado no Centro Cultural Raul de Leoni, o salão abrirá suas portas dia 15 de agosto com obras selecionadas junto a artistas de todo o país. “Não vou poder estar na abertura, mas agora sempre que puder encaminho os trabalhos”.
Conhecido pelo tom contemporâneo e crítico que dá a suas obras, Silva dessa vez apostou num tema bastante polêmico. “Um dia comecei a observar algumas bonecas e pensei direto no tema de exploração infantil”, revelou. Segundo ele os trabalhos são fortes e carregam uma mensagem de alerta. “É um tema que sempre deve ser discutido”.
Batizadas com o nome de “We don´t need no education”, tal como a música de Pink Floyd, onde as crianças marcham enfileiradas cantando em unissono “nós não precisamos de educação”, as obras, assim como a música são uma crítica a todo e qualquer tipo de controle."We don´t need no education — a série” fala de crianças que são privadas de sua educação, que logo cedo têm de se ver obrigadas a trabalhar, a serem vendidas, ou que entram pelo caminho das drogas, álcool, ou prostituição, ou ainda que encontram uma vida mais ‘fácil’ no caminho do tráfico, deixando assim de lado a educação, a busca pelo conhecimento.
Segundo o artista essas “são vidas que estão condenadas desde cedo se nada for feito. We don´t need no education é antes de tudo uma crítica à sociedade e ao estado e à televisão que incentiva tudo isso com propagandas de bebida, tabaco e que glamouriza a vida no tráfico, incentiva a prostituição através de seus programas, novelas e filmes”. Mas por que utilizar bonecos como modelos? Silva explica; “Utilizei bonecos estáticos para passar a idéia de marionetes assim parecem brinquedos também. Se as coisas continuarem assim um dia nossos filhos irão pedir um Boneco Menino do Tráfico de presente de Natal. Uma sociedade consciente não é interessante para nenhum governo”.
A força das obras de Rogério mostra também a crescente tendência em levar o belo ao público de maneira crítica, e muitas vezes feroz. Foi assim com obras selecionadas em Guarulhos, onde o artista expôs sozinho; e no Salão de Artes Visuais, em Toledo.
Apesar da perfeição dos traços e críticas sempre presente em seus trabalhos, o artista revela que muito tem mudado nos salões pelo país. “Hoje pintar óleo sobre tela é quase coisa do passado, há nas obras a necessidade de adotar novas mídias e isso é como ser ultra-contemporaneo. Meu trabalho é uma maneira de expressão, acho que foi escolhido porque o universo é mesmo grandioso” .
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